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A CONCRETUDE DO POEMA
Edital por Antonio Miranda
Existem duas maneiras de definir as coisas: como elas se mostram e como acreditamos que elas sejam: ESTAR E SER.
No primeiro caso, apenas os elementos ou caracteres-
ticas do objeto ou fenômeno. Por exemplo, quando nos referimos
ao livro, dizemos que é volumoso, capa azul, que contém texto e
imagens. É o que chamamos de consuetudinário, as it is, como é
e como funciona.
A outra maneira, mais complexa, tenta definir o que a coisa
é, como ser e não como estar, em nível de abstração, universali-
dade, essencialidade.
Quem tentou definir o que é poesia, e até chegou a uma teo-
ria do fenômeno social “poesia”, foi o poeta e crítico português
Domingos Ferreira da Silva, em tese de doutorado, defendida na
Universidade de Brasília. Partiu da Poética de Aristóteles, passou
por Novalis, Verlaine e Mallarmé e chegou aos teóricos Luckács,
Eco, Jacobson e Benjamin. Mas ele só conseguiu enxergar poesia
no texto poético, no discurso, no verso, a poesia como uma cria-
ção exclusivamente literária, isto é, só enxergou o Poema.
Um caminho trilhado por muitos taxionomistas da poesia é
a da classificação de gêneros e subespécies. Poesia épica, lírica,
etc. Ficam sem saber o que fazer com os textos lúbricos, que
não se encaixam plenamente em categorias estanques.
Quase sempre apelam para o formal, estilístico, valendo-se
de uma adjetivação – substantivação do gênero poético. Rotula-
ram a Poesia Romântica, a Poesia Parnasiana, a Poesia Simbolis-
ta, a Modernista, a Concretista, a Marginal, a Neobarroca... Só
existia poesia segundo cânones, via manifestos, ismos!!!
Alguns até lançaram farpas contra a poesia geométrica,
coisificante, ideogrâmica, tipográfica, querendo a coisa, a poesia
objeto... Fica apenas uma pergunta no ar: que poesia é esta que pretende ser poesia animaveerbivocovisual?!
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